As primeiras sessões de cinema em Vitória da Conquista datam
de 1912 e eram realizadas sob lonas de barracos mambembes, no meio do que viria
a ser o centro da cidade. Entre feiras, poeira e gente disposta assistir às "fotos
posadas", que se mexiam, o público se deslumbrava com as maravilhas do
mundo moderno.
A história é longa, mas pra resumir, dá pra dizer que, de
poeira em poeira, muito chão já rolou de lá pra cá, muitas exibições, produções
e cineclubes. Muito mesmo, e seria necessário um espaço muito maior pra falar
disso.
Mas, no meio do caminho havia um sujeito inquieto. Havia um
sujeito inquieto no meio do caminho, nascido numa casa na rua Dois de Julho, número
181, neste mesmo centro. Uma figura que puxou o centro da cultura e do cinema
para ele, polarizou a discussão do cinema como o lugar pra falar dos rumos do
país, sempre no compromisso de, ao questionar e instigar, não deixar ninguém incólume.
O nome dele era Glauber de Andrade Rocha.
Glauber Rocha, ícone do cinema brasileiro e mundial, é filho
ilustre de Conquista, referência para tudo o que de melhor se fez por aqui.
Hoje, muito tempo depois, Glauber é, como diria Drummond, um
retrato na parede. Mas, por insistência de muita gente, não é só isso. Seu legado,
às vezes invisível, reverberou na ideia de um cinema maior, de um cinema
múltiplo, de um cinema identitário, der autor e de de crítica. Inúmeras inciativas
se inspiraram, conscientemente, em seu legado. O Janela Indiscreta Cine Vídeo
Uesb, os inúmeros projetos de cinemas nas escolas, nas ruas, nas praças, nos
grupos de amigos.
Vitória da Conquista é, como disse Walter Salles - diretor
de Central do Brasil e que veio a Conquista inúmeras vezes – surpreendente importantemente
audiovisual.
De fato, nosso compromisso é, por meio das inúmeras Mostras
(estamos agora na nossa décima terceira), depois de muito chão e luz, dar
acesso ao melhor do cinema brasileiro, nordestino e baiano. Nosso compromisso é
com a identidade brasileira. E nisso, temos buscado cuidar muito bem.

